Exposição sobre café apresenta ligação entre Brasil e Itália

Café com Administração, por Mauricio Dias!

 

Antecipando as comemorações do Momento Itália-Brasil, celebrado entre outubro de 2011 e junho de 2012, o Museu do Café, instituição da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo promove até janeiro a exposição “Itália – café – Brasil: Qui si beve Caffè”. Por meio de um profundo trabalho de pesquisa, a mostra apresenta um olhar sobre a influência italiana no Brasil sob o ponto de vista de uma paixão comum aos dois países: o café.

Utilizando objetos de época, a exposição passeia pelas transformações do tradicional cafezinho ao longo dos anos, contemplando ainda a revolução dos filtros de papel, o café solúvel, as cafeteiras italianas, até chegar às modernas máquinas de expresso caseiras. A relação entre Brasil e Itália evolui até o panorama de suas relações na esfera comercial, com destaque para a grande representatividade do grão brasileiro no mercado italiano. Em 2010, a Itália foi o terceiro principal destino da exportação nacional, com 2,78 milhões de sacas de 60 kg.

A mostra destaca não só as questões históricas relacionadas à imigração incentivada pela atividade cafeeira, como também a influência italiana no uso social do café em terras brasileiras. “A Itália é o terceiro maior mercado importador do café brasileiro e a relação que desenvolvemos com os italianos é intensa desde a época da imigração para o Brasil. Essa exposição destacará os hábitos e a presença do café no dia a dia dos italianos e a influência em termos de qualidade e formas de consumo em nossos países”, afirma o diretor do Departamento do Café do Ministério da Agricultura, Robério Silva.

Ao café espresso, tipicamente italiano, a exposição reservou especial atenção. Uma máquina desmontada permite ao visitante entender o funcionamento da invenção italiana que se espalhou pelo mundo e se transformou em um dos mais populares métodos de preparo da bebida. Outro objeto pouco conhecido do público e que também faz parte do acervo é um torrador profissional. É durante o processo de torra que o grão libera as substâncias responsáveis pelo aroma e sabor do café. Na mostra, o destaque é para a torra italiana, que se diferencia por ser mais escura, resultando em uma bebida de intenso amargor e pouca acidez.

Fonte: http://revistaespresso.uol.com.br/

Você sabe como os italianos gostam de apreciar um café?

Quando apaixonados por café falam da Itália, logo se imaginam capuccinos, macchiatos, espressos de boa qualidade servidos em bares – como os italianos chamam as cafeterias por lá. Programa de turista ou, realmente, os italianos consomem muito café? E a preferência por bebidas com café é igual em todas as regiões da Itália?

De fato, os italianos gostam de café, e doce! Por conta disso, importam muito café brasileiro. As cerca de mil torrefadoras do país misturam nosso café especial arábica com robusta importado da Índia. O objetivo é garantir blends equilibrados para o gosto dos italianos, que em sua maioria não apreciam cafés com acidez muito acentuada. Em casa, o utensílio para preparo mais utilizado é a moka – conhecida por aqui como cafeteira italiana.

Vincenzo Sandalj, presidente da Sandalj Trading Company SpA, da Itália, falou durante o 4º Fórum Desafios para a nova Década 2011/2020, promovido pelo Cecafé, na terça-feira (31) em São Paulo (SP), sobre as preferências dos italianos na hora apreciar a bebida e o hábito que muda de acordo com a região do País. “Hoje em dia, espresso é a palavra mais notável entre os cafés especiais na Itália.” No entanto, no Norte do país, a preferência, segundo Sandalj, é pelo café coado, mais leve, preferencialmente com leite. Portanto, é no norte que saem maiores quantidades de capuccinos e macchiatos. No nordeste da Itália, a preferência é por um café mais doce, enquanto no noroeste, sabores mais ácidos fazem sucesso.

Na região central a suavidade do paladar com cafés mais leves fica de lado: Roma é responsável por 50% do consumo de robusta no País e a preferência é por uma torra mais escura, extração bem mais concentrada, sem leite, crema mais espessa e o consumo de cafés fora de casa é superior ao do norte. No sul, a torra também é mais escura e a extração muito concentrada. O consumo é 100% de grãos robusta. O consumo em bares chega a ser o dobro do que no Norte.

Para amenizar o amargor de tanta concentração de cafeína, 90% dos italianos tomam seu café com açúcar.

Brasile: un caffè bellissimo!

Sem café especial do Brasil, nada de blend italiano! Pois é, quem vai à Itália pode se sentir em casa ao entrar em uma cafeteria. As torrefadoras italianas importam nosso café: “Descobrimos o café brasileiro há muitos anos. Eu diria que com o espresso, os italianos descobriram o café maravilhoso do Brasil. É a base do blend para o espresso em toda a Itália. Nós apreciamos o corpo e a doçura, o que encontramos no café brasileiro”, entusiasma-se Vincenzo Sandalj.

O que no início era um casamento de oportunidades, para Sandalj é hoje “um caso de amor”. “Hoje não imaginamos nosso blend sem as notas de mel, amêndoa, cacau e chocolate do café do Brasil”.

Dose única e grandes negócios

Com a tendência mundial de consumo cada vez mais forte entre o público jovem, a Itália também se rendeu às máquinas de dose única. “Na Itália é mais barato que sair de casa para tomar café, bem mais rápido também.” De saches ou cápsulas, a venda dos equipamentos só reforça que o café está presente também entre gerações mais novas e que acompanham a tecnologia e o design dessas novidades.

A Itália continua sendo um berço para o consumo do café. Além das torrefadoras, há 100 empresas que produzem maquinários para o segmento. Em 2010, o país importou 8.259 milhões de sacas de café verde e exportou 18 milhões de casas de café torrado. O desafio para as próximas décadas é manter os números em crescimento e isso, os italianos encaram com otimismo. Vincenzo deixa claro o que eles querem: “O produtor brasileiro deve entender esse consumo e investir em rastreabilidade. Queremos diferenciação em variedades e atender diferentes necessidades”.

Fonte: http://revistaespresso.uol.com.br/