Abilio Diniz se diz “livre” do Casino e que vai virar investidor

Nada dura para sempre… Sucessão de empresas familiares.

Abilio Diniz está “livre” do Casino, após fechar um acordo com o grupo francês para deixar de vez o Pão de Açúcar (PCAR4) – grupo varejista fundado por seu pai e transformado em gigante por ele. “Na véspera do dia da independência do Brasil, abraço a liberdade”, disse o empresário em coletiva na Casa do Saber, em São Paulo, na qual o InfoMoney esteve presente.

O acordo sela o fim do conflito com o Casino como também a saída de Abilio do Grupo Pão de Açúcar, que já era controlado pelo francês desde junho de 2012. A partir de agora, Abilio será apenas acionista, sem direitos políticos na empresa.

Pelos termos do acordo, foi decidido que o empresário trocará as ações ordinárias que tem na Wilkes, holding controladora do GPA, e receberá ações preferenciais, as negociadas em bolsa, na razão de 1 para 1. Com isso, Abilio passará a ter 8,5% das ações preferenciais do Grupo Pão de Açúcar.

Durante a coletiva, Abilio destacou que a decisão, difícil de ser tomada, é para que ele e o grupo Casino possam seguir suas vidas – o mercado especulava que a relação entre o empresário e o grupo francês era muito ruim e desgastada. “Fico triste em deixar o Pão de Açúcar, mas feliz com a nova fase da minha vida. É com grande emoção que renuncio a presidência”, disse. “Hoje é um dia mágico”, destacou.

Novos planos Mas o que significa “seguir a vida”? Abilio agora pretende focar-se na BRF (BRFS3), da qual é grande acionista e presidente do conselho de administração – além de virar um investidor. “Estou desenvolvendo novos projetos com a Tarpon (TRPR3) para criação de um fundo privado de investimentos, estou me dando muito bem com eles”, avalia.

Questionado sobre o trabalho com Claudio Galeazzi, que assumiu a presidência da BRF em agosto, Abilio disse que “é um convívio muito bom. Estivemos juntos durante um bom tempo no Pão de Açúcar e ele tem total capacidade para tocar a companhia”. A parceria com Galeazzi começou em 2007, quando foi contratado por Abilio para reestruturar a bandeira fluminense Sendas. O desempenho chamou a atenção de Abilio, que o convidou para presidir o Pão de Açúcar em dezembro de 2007 e que perdurou até 2009.

Como foi o acordo As negociações para que o acordo fosse fechado terminaram nesta semana. Abilio perderá os seus direitos sobre a empresa, mas seguirá como acionista minoritário do Pão de Açúcar. O acordo ainda finalizou uma série de processos arbitrais que existiam entre ambas as partes.

O empresário afirmou que o negociador norte-americano William Ury, um dos fundadores do Programa de Negociação de Harvard, foi um dos grandes responsáveis para que o acordo com o Casino, representado por David Rotschild, acontecesse com tranquilidade e que fosse satisfatório para os dois lados. Segundo Abilio, o acordo foi costurado com bastante rapidez.

Perguntado se pretende vender a participação que passou a deter em ações preferenciais do Pão de Açúcar, o empresário afirmou que não tem nenhuma intenção de desfazer suas posições e que acredita bastante na companhia.

Relação de respeito entre as partes O Pão de Açúcar confirmou a renúncia do empresário em nota, afirmando que a decisão foi movida pelo “sentimento de respeito mútuo” entre Abilio e Jean-Charles Naouri, presidente do Conselho de Administração. Já Abilio desejou sucesso a Naouri e ao Grupo Casino.

Enquanto isso, Naouri expressou estar grato “pelas muitas contribuições do Sr. Diniz e de sua família, e deseja muito sucesso em seus projetos futuros”, afirmou em comunicado, destacando que espera continuar estimulando o crescimento do grupo e benefício dos consumidores, funcionários, acionistas e sociedade brasileira.

Fonte: Infomoney

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